EM NOME DO ACORDO – a mediação no direito

As obras do Professor Luis Alberto Warat, por sua genialidade dispensam apresentações. Cada livro, cada texto reverbera a inteligência que o revelou especial. A sua agudeza na percepção da vida, dos ambientes e das pessoas o tornam único. Mais do que falar dele ou por ele, vamos recordar o que ele pensava e dizia de si mesmo, das diferentes etapas de sua vida, quer nos espaços acadêmicos, quer nas andanças de sua vida.

Faremos isso por pequenos e intensos fragmentos de suas falas, repletas de magia, de mistério e de encantamentos por onde circulava: na sala de aula, pelos corredores, nos cafés, na praia, na cozinha de casa, nas partidas e chegadas de seus incontáveis voos de docente itinerante: “Sou do tipo de autor que tem uma obra que não pode ser interpretada a não ser a partir das circunstâncias vitais (tampouco elas podem ser entendidas se distanciadas da obra teórica)…Minha obra sempre foi indomável…Tanto na Argentina quanto no Brasil realizei um trabalho de agitação filosófica (de rebeldia); tudo para mostrar a Filosofia como modo de vida e não como modelo explicativo ou de racionalidade…Realizei um esforço para deslocar meu discurso do paradigma cientificista do Direito ao paradigma estético…

Nos anos oitenta escrevi várias obras, que têm em comum o meu desejo de renovação da linguagem do Direito, apostando numa mudança da forma de narração como condição insubstituível para produzir a alteração nos significados e nos modos de pensamento jurídico…Preferi uma forma de apresentação que destacava o valor do descontínuo, do ambivalente e do incerto… Valorizei o poético como fuga do pensamento alienado, uma exaltação ao poder da metáfora…

Com a pedagogia do desejo tentei mostrar como a relação ensino-aprendizagem depende de um processo transferencial semelhante ao lugar da realização d  encontro psicanalítico…Tentei estabelecer as bases de uma semiologia do desejo e de uma epistemologia carnavalizada (esta seria sempre e tão somente o lugar onde se podem detectar os sinais do novo)… A carnavalização é uma concepção de ensino onde se aprende sem que ninguém ensine – o jogo substituindo o tédio e a dominação…

Estou pensando nas possibilidades de mediação na psicanálise, na pedagogia, nos conflitos policiais, familiares, de vizinhança, institucionais e comunitários em seus variados tipos. A mediação como acordo transformador das diferenças (ensinava isso há 20 anos) … O que mais me gratifica, na minha história é a quantidade de professores de Filosofia do Direito que reconhecem ter sido influenciados pelo devir do meu discurso”.
Profa. Dilsa Mondardo

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